quarta-feira, 18 de dezembro de 2013

Lua, lua


A lua desliza lá fora.
Aqui dentro- mordaças.

A lua convida- recuso.

No quarto abafado,
abro as janelas.

A lua me espia zangada.
Brinca de se esconder.

quarta-feira, 20 de novembro de 2013

Poeminha despretensioso: Sonhos








Perco dias
não noites
com meus sonhos

ou

Meus sonhos 
Não tiram meu sono 
Mas meus dias

quarta-feira, 25 de setembro de 2013

Miniconto: Senhor dos meus dias


Senhor dos meus dias

Inclino-me na cadeira da mesa da cozinha e o vejo na sala.
Ele curva o corpo pesado e pega o jornal na mesa de centro. Tira os óculos do bolso. Começa a desfolhar o jornal- gesto que antes odiava.
Meus olhos marejam.

sábado, 3 de agosto de 2013

Poeminha despretensioso- Rua





 


Na rua
Varal de luminárias
Desvario em cores
E não lua.

domingo, 16 de junho de 2013

Manhã- miniconto



Olha o céu chumbo. Não venta. Mormaço.
Estica com as mãos as roupas recém penduradas. Pássaros voam grunhindo.  
Na cozinha, desliga o fogão- o arroz cozinhará sozinho- tem receio de esquecer a chama acesa.
Atravessa a sala, observando coisas fora do lugar.
Varre a varanda. Molha as plantas. A água da mangueira respinga nas pernas e vestido. Enrola a bainha molhada e prende no elástico da calcinha. Joga água nos pés descalços.  
Olha em torno- não há ninguém.
Sente frio, despe-se e entra no chuveiro quente. Lava com prazer os cabelos.
A chuva nas janelas a faz lembrar da roupa estendida. Corre, enrolada na toalha, para o quintal.
Puxa com força as roupas quase secas. Grampos alçam voo.
Sente frio.

terça-feira, 11 de junho de 2013

segunda-feira, 20 de maio de 2013

Poema despretensioso- Nem leveza (sem revisão)


Nem leveza 

O cão estirado ao sol, dorme.
As aves em algazarra.
O farfalhar da amoreira- lamento.

O filho dorme.
A janela trepida e deixo.
Nada quebra o silêncio.

O canto matinal não me alegra,
a dor da ausência dele-
cinco anos contados nesta madrugada.

Como o tempo no amor?

A voz antes conforto- emudeceu.
O corpo morno, hoje pó, num jardim distante.
Não me peçam sorrisos, por favor, nem leveza.

quarta-feira, 20 de março de 2013

Desconserto- Desconcerto- Arquivo



Não contenho o sorriso, é inevitável. Não nego o prazer em vê-la assim perdida, não diria desesperada, apenas perdida. Ela tão cheia de certezas... Vejo aqueles olhos nos meus, esfomeados, querendo me decifrar, percebo seu desconserto. É meu o próximo passo, ela sabe. Espera. Eu a farei sorrir, não sobrevivo sem este sorriso.
Ela não sabe, apenas intui.